Saúde masculina: a importância de se cuidar
Quando o assunto é saúde do homem, é comum ouvirmos expressões como “homem não cuida da saúde” ou “homem não gosta de ir ao médico”. Apesar de generalizações, dados mostram que essas afirmações têm um fundo de verdade.
De acordo com um levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo, 70% dos homens só procuram atendimento médico após incentivo da parceira ou dos filhos. O estudo também revela que mais da metade deles adia a ida ao consultório até que os sintomas estejam agravados.
Essa resistência tem um impacto direto na saúde masculina. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) aponta que os homens correspondem a 52% das mortes prematuras causadas por doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes, depressão e câncer — muitas delas ligadas à negligência com a saúde física e mental.
Um reflexo preocupante é a diferença de sete anos na expectativa de vida entre homens e mulheres no Brasil. Segundo o Censo de 2022 do IBGE, enquanto as mulheres vivem, em média, até os 79 anos, a expectativa de vida dos homens é de 72 anos.
A demora em buscar atendimento médico
Muitos homens são criados em uma cultura machista que associa a figura masculina à ideia de força e provisão familiar. Por isso, muitos veem a doença como sinal de fraqueza, o que os impede de buscar ajuda logo nos primeiros sinais de problema.
Esse comportamento também afeta a realização de consultas periódicas, que são fundamentais para a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças. Identificar problemas de saúde no início torna o tratamento mais simples e aumenta as chances de recuperação.
O ditado “quem procura, acha” definitivamente não se aplica à saúde. Pelo contrário: o cuidado preventivo e o diagnóstico precoce são essenciais para evitar danos irreversíveis e, em casos extremos, salvar vidas.
Além da saúde física, a saúde mental — como o enfrentamento da ansiedade e da depressão — também precisa ser levada a sério.
Três dicas para melhorar os cuidados com a saúde
Superar essas barreiras é essencial. Confira três atitudes que podem fazer a diferença:
1. Desconstrua preconceitos
Observar os sinais do próprio corpo não é exagero, é prevenção. Abandonar preconceitos sobre a busca por serviços de saúde evita que o homem se sinta “menos homem” ao procurar ajuda médica. Além disso, promove a regularidade nas idas ao consultório.
Evitar a automedicação também é crucial. Em caso de mal-estar, procure sempre um médico, siga as orientações profissionais e evite o uso indiscriminado de remédios, que pode trazer efeitos colaterais indesejados.
2. Tenha um médico de família ou clínico geral de confiança
O médico de família ou clínico geral atua de forma contínua e personalizada, cuidando de pessoas de todas as idades e condições de saúde.
Esse profissional realiza check-ups regulares, solicita exames básicos e, se necessário, encaminha para especialistas, como cardiologistas, dermatologistas ou reumatologistas.
O vínculo construído entre o paciente e o médico facilita o acompanhamento e permite uma visão mais ampla da saúde, levando em conta não apenas o aspecto biológico, mas também o contexto psicológico e social.
3. Estabeleça uma rotina de consultas e exames
Embora as recomendações gerais indiquem iniciar os check-ups médicos a partir dos 40 anos, nada impede que os cuidados comecem antes, conforme o histórico familiar e os fatores de risco individuais.
Com base nisso, o médico poderá definir a frequência ideal das consultas. Em geral, a recomendação é uma visita anual, mas em alguns casos, elas podem ser ajustadas.
Os principais exames de rotina sugeridos pelo Ministério da Saúde incluem:
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Aferição da pressão arterial;
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Hemograma completo;
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Exames de urina e fezes;
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Teste de glicemia;
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Medição do perímetro abdominal;
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Avaliação do Índice de Massa Corporal (IMC);
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Testes rápidos para detectar infecções sexualmente transmissíveis, como HIV e hepatites B e C.