Decisão amplia tensão diplomática, mas isenta itens como suco de laranja, petróleo e aviões da nova alíquota de 50%
Em um movimento que promete mexer com as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o presidente norte-americano Donald Trump assinou, nesta quarta-feira (30/07), uma ordem executiva que impõe uma tarifa adicional de 40% sobre as exportações brasileiras. Com isso, a carga tributária total chega a 50% — a maior já aplicada ao Brasil pelo governo dos EUA.
Apesar do impacto, o início da vigência da nova tarifa foi adiado para 6 de agosto, postergando em uma semana a data anteriormente anunciada (1º/08). A decisão de Trump é apresentada como uma resposta a uma suposta “ameaça incomum e extraordinária” representada pelo atual governo brasileiro à segurança nacional, à economia e à política externa americana.
Produtos penalizados e isentos
Entre os itens brasileiros que serão afetados diretamente pela nova alíquota estão carnes, café e frutas, produtos de forte presença na pauta de exportações. No entanto, cerca de 700 itens foram poupados do tarifaço, incluindo setores estratégicos tanto para os EUA quanto para o Brasil.
Entre os produtos isentos da nova taxação estão:
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Petróleo cru
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Suco de laranja
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Aviões e peças aeronáuticas
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Celulose
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Carvão
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Aço e subprodutos
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Castanhas e frutas secas
A lista de exceções alivia parte da tensão no setor produtivo, especialmente em segmentos como agroindústria e aeronáutica, onde a parceria comercial entre os dois países é intensa e de longa data.
O que diz a Casa Branca
O governo dos EUA justificou a decisão com acusações diretas ao governo brasileiro. No comunicado oficial, a Casa Branca afirma que ações recentes da administração Lula, especialmente ligadas ao STF, colocam em risco os interesses americanos.
Um dos principais alvos das críticas é o ministro Alexandre de Moraes, acusado por Trump de promover “centenas de ordens secretas de censura”, intimidação de empresas de tecnologia e até congelamento de ativos de empresas norte-americanas.
Também são mencionados os processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e o jornalista Paulo Figueiredo, que vive nos EUA e estaria sendo investigado por declarações feitas em território americano. Para Trump, essas ações seriam violações graves à liberdade de expressão — princípio constitucional norte-americano — e justificariam uma “emergência nacional” declarada com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 (IEEPA).
Medidas diplomáticas e retaliações
Além das tarifas, a tensão diplomática ganhou novos capítulos com a revogação de vistos de Alexandre de Moraes, seus aliados no STF e seus familiares, anunciada oficialmente em 18 de julho. Em maio, o secretário de Estado Marco Rubio já havia sinalizado medidas similares contra estrangeiros acusados de violar liberdades protegidas pela Constituição dos EUA.
Trump deixou claro que a imposição das tarifas está alinhada à doutrina “America First”, que prioriza os interesses dos americanos em política externa. Ele declarou que os EUA não aceitarão “ações autoritárias de juízes estrangeiros” que interfiram em empresas e cidadãos norte-americanos.
Impacto para o Brasil
Com essa medida, o Brasil se torna o país mais penalizado comercialmente pelos EUA neste momento. Embora parte da pauta exportadora tenha sido poupada, a taxação de 50% sobre alimentos e bebidas preocupa exportadores brasileiros e pode influenciar negativamente o câmbio, preços e acordos bilaterais futuros.
A situação exige cautela e mobilização por parte do governo brasileiro e do setor empresarial para evitar danos maiores às exportações e preservar os laços diplomáticos e econômicos entre os dois países.