Nova estimativa do IPCA reflete cenário de desaceleração econômica e reforça expectativa de controle inflacionário no país
Pela quinta semana consecutiva, o mercado financeiro voltou a reduzir suas projeções para a inflação em 2025. Segundo dados divulgados nesta segunda-feira (19) no Boletim Focus, relatório semanal do Banco Central, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – principal indicador da inflação no país – deve fechar o próximo ano em 5,50%. A estimativa anterior era mais elevada, refletindo um contexto que, gradualmente, começa a sinalizar maior estabilidade nos preços.
Essa nova previsão é resultado da percepção de que o Brasil atravessa um período de menor pressão inflacionária, sustentado por uma combinação de fatores, como a moderação no crescimento econômico e a manutenção de uma política monetária mais rígida por parte do Banco Central. O cenário atual sugere que o ciclo de aperto monetário iniciado em 2021 está, enfim, surtindo efeitos.
Além da revisão no IPCA, o boletim também aponta uma leve alta nas expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2025. Apesar do ajuste positivo, a expectativa segue de crescimento tímido, em linha com os desafios que a economia brasileira ainda enfrenta, como juros elevados, incertezas no cenário global e problemas fiscais internos.
Meta ainda distante
Mesmo com as revisões para baixo, a inflação projetada para 2025 ainda está acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O objetivo estabelecido para o IPCA é de 3,25%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, o que permite um teto de 4,75%. Com a estimativa atual de 5,50%, a inflação seguiria fora da meta, exigindo atenção das autoridades econômicas.
Riscos ainda no radar
Apesar do alívio nas projeções, o mercado mantém uma postura cautelosa diante de potenciais riscos que podem impactar a inflação. Entre os principais fatores de preocupação estão:
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A valorização do dólar, que pode encarecer produtos importados e pressionar os preços internos, especialmente nos setores de alimentos e combustíveis;
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A instabilidade fiscal, que continua no radar dos economistas, sobretudo em relação à necessidade de ajustes para conter o crescimento da dívida pública.
Expectativa por novos sinais do Banco Central
A queda na projeção de inflação é considerada um sinal de otimismo moderado, com o mercado reconhecendo a eficácia das medidas já adotadas para conter a alta dos preços. No entanto, o cenário segue indefinido e dependerá de fatores internos e externos. A expectativa gira em torno das próximas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), que poderão indicar novos rumos para os juros e confirmar a tendência de estabilização econômica.
Conclusão: cautela segue sendo a palavra de ordem
Embora a revisão para 5,50% traga um alívio momentâneo, o número ainda está acima do desejado pelas autoridades econômicas. O mercado reconhece os avanços, mas mantém o pé no freio diante da complexidade do cenário global e das incertezas fiscais. O momento é de otimismo com responsabilidade, na expectativa de que o país avance rumo a um crescimento sustentável e a uma inflação mais controlada.