No Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), localizado em Goiás, um programa focado na saúde das gestantes que vivem com HIV vem oferecendo suporte fundamental durante a gravidez, prevenindo a transmissão do vírus para os bebês. A iniciativa, conhecida como Prevenir para a Vida, aborda não apenas aspectos médicos, mas também emocional e social, amparando mães e crianças afetadas.
O programa, inserido no Setor de Adesão da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), é crucial para garantir dignidade e qualidade de vida tanto para as mulheres quanto para os jovens que convivem com a doença. O suporte abrange um acompanhamento abrangente que envolve profissionais das mais variadas áreas da saúde.
Detalhes do Programa Prevenir para a Vida
O Prevenir para a Vida atende gestantes diagnosticadas com HIV, além de crianças que foram expostas ao vírus desde o nascimento e jovens até 24 anos. A equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, assistente social, auxiliar administrativa e outros especialistas, realiza um atendimento integral que inclui:
- Consultas médicas;
- Apoio psicológico;
- Serviço social;
- Busca ativa de pacientes;
- Orientações sobre o tratamento;
- Doação de leite materno;
- Fórmulas infantis;
- Kits de enxoval.
Atualmente, aproximadamente 302 crianças estão sob acompanhamento do programa, incluindo aquelas que vivem com o vírus e as expostas a ele. A equipe cuida de:
- 34 crianças diagnosticadas com HIV;
- 34 gestantes;
- 31 adolescentes;
- 134 jovens adultos que são soropositivos.
Perfil dos Atendidos
Um aspecto marcante do programa é que muitas mulheres recebem o diagnóstico durante o pré-natal, momento que, inicialmente, deveria ser de celebração, mas que pode se tornar uma experiência angustiante. O medo em relação ao impacto do diagnóstico na saúde do bebê e a preocupação com o estigma social são sentimentos comuns.
Esse foi o caso de uma mulher de 37 anos que recebeu orientação e apoio do programa após ser diagnosticada com HIV e hepatite durante uma gestação não planejada. Ela relata que, ao chegar à unidade, estava tomada por inseguranças, mas encontrou acolhimento e suporte, o que fez toda a diferença no seu estado emocional.
“O atendimento da equipe foi tão acolhedor que consegui retomar a confiança”, afirma a cabeleireira.
O suporte oferecido foi vital para que ela iniciasse o tratamento rapidamente. Em menos de um mês, a mulher alcançou uma carga viral indetectável, essencial para evitar a transmissão do HIV de mãe para filho durante a gestação.
“Estou seguindo o tratamento com segurança e meu bebê está saudável”, destaca.
Durante todo o processo, a paciente teve acesso a assistência contínua, orientações médicas e suporte nutricional adequado, assegurando a saúde do bebê, uma vez que a amamentação não é recomendada neste caso.
“Esse suporte foi exatamente o que eu precisava”, resumiu.
Carla Simone da Silva, coordenadora psicossocial do projeto, enfatiza que o desafio primordial está na superação do estigma associado ao HIV.
“Nosso foco é acolher e informar, mostrando que é possível viver uma maternidade plena e segura”, afirma.
A abordagem da equipe desde o primeiro atendimento visa desmistificar crenças, iniciar o uso de antirretrovirais e orientar as gestantes sobre cuidados ao longo de toda a gravidez. Com essa metodologia, o risco de transmissão do vírus durante a gestação e o parto chega a quase zero.
A colaboração da comunidade é essencial para a sustentabilidade do programa. Servidores, doadores e parceiros ajudam a manter o estoque de fórmulas infantis e leite doado, e as campanhas permanentes da equipe buscam manter o suporte necessário às famílias atendidas.
“Quando temos estoque adequado, conseguimos distribuir duas latas de fórmula por mês. Se estiver baixo, a distribuição pode cair para uma lata apenas”, explica Carla, sublinhando a importância do acompanhamento criterioso dos atendidos.
Formas de Apoiar o Programa
Pessoas, empresas e instituições interessadas em ajudar podem colaborar com doações de fórmulas infantis, leite ou itens para enxoval. As contribuições podem ser diretamente encaminhadas ao Setor de Adesão do HDT, que está sempre aberto a novos apoiadores.
“Nosso objetivo é que nenhuma mãe se sinta desamparada e que todas as crianças tenham acesso às necessidades básicas. Cuidado e acolhimento são fundamentais para a superação”, conclui Carla.
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