PSDB e Podemos avançam na fusão, mas enfrentam resistências em quatro estados
Às vésperas de ser formalizada até o fim deste mês, a fusão entre PSDB e Podemos tem como principais articuladores os presidentes Marconi Perillo e Renata Abreu. Apesar do entusiasmo da cúpula, o processo enfrenta resistências em pelo menos quatro estados: Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia, onde há divergências locais entre os diretórios.
Perillo garante que as negociações estão adiantadas e adianta alguns detalhes sobre o novo arranjo. Inicialmente, a legenda unificada adotará o nome provisório de PSDB+Podemos ou Pode+PSDB.
“Vamos promover uma pesquisa ampla, ouvindo filiados dos dois partidos e também um levantamento técnico, para definir o nome definitivo e o novo número. Defendo ainda que nosso mascote seja um cachorrinho”, afirma o ex-governador.
A integração com o Podemos é vista também como uma tentativa estratégica de Perillo para evitar a desfiliação do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que cogita migrar para o PSD. Perillo acredita que poderá convencer Leite a permanecer no PSDB caso garanta a ele a candidatura presidencial.
“Renata e eu já comunicamos que ele será nosso candidato à Presidência. Terá todo o apoio e espaço necessário”, reforça o presidente tucano.
Conflitos estaduais desafiam a união
Apesar do otimismo, a fusão precisará superar entraves locais. Em Pernambuco, o PSDB rompeu com a governadora Raquel Lyra — hoje aliada do Podemos. Ex-integrante do PSDB, Lyra viu seu antigo partido se aproximar do prefeito João Campos (PSB) e perder o controle partidário para o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto. Além disso, os tucanos garantiram espaços como o Procon de Recife.
Na Bahia, as divergências também são evidentes: o Podemos integra a base do governador petista Jerônimo Rodrigues, enquanto o PSDB atua na oposição.
Em Goiás, reduto de Marconi Perillo, a nova sigla deverá apoiar seu projeto de voltar ao governo estadual. Entretanto, o presidente estadual do Podemos, deputado Glaustin da Fokus, mantém aliança com Ronaldo Caiado (UB), rival direto de Perillo. Caiado, por sua vez, apoia o nome de Daniel Vilela (MDB) para sua sucessão.
No Mato Grosso do Sul, a fusão é bem recebida por lideranças do Podemos, como a senadora Soraya Thronicke, que fortaleceria sua candidatura à reeleição. Já entre os tucanos locais, o clima é de desconforto e ameaça de debandada. A possível saída do governador Eduardo Riedel, que tem recebido convites do PSD, agrava ainda mais o cenário.
De acordo com interlocutores de ambos os partidos, a fusão seria apenas o primeiro movimento. A expectativa é que, num segundo momento, a nova legenda avance para uma federação com o Solidariedade. Vale lembrar que a última experiência do PSDB nesse modelo não terminou bem: em março, o partido decidiu encerrar a federação com o Cidadania após discordâncias nas eleições municipais de 2024.