O aumento de 2,91% nas tarifas de passagens de ônibus no Entorno do Distrito Federal foi criticado pelo governador Ronaldo Caiado, que apontou a medida como prejudicial aos trabalhadores da região. O reajuste entrou em vigor nesta terça-feira, 23 de setembro.
Caiado expressou a posição contrária ao aumento durante uma entrevista, afirmando que as alternativas apresentadas ao governo federal para lidar com a elevação das tarifas foram desconsideradas. O governador defendeu a criação de um consórcio envolvendo os governos de Goiás, Distrito Federal e União para melhorar o transporte coletivo na área.
“Nosso estado já manteve tarifas congeladas em R$ 4,30 desde 2019. Estamos modernizando a frota com ônibus elétricos, reformando terminais e aplicando novas tecnologias para aprimorar a experiência do usuário”, destacou Caiado, enfatizando a eficácia da gestão compartilhada na Região Metropolitana de Goiânia.
O governador também criticou a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mencionando que sua insistência em priorizar a estabilidade financeira das empresas de transporte acabou desconsiderando as necessidades dos usuários. Ele lembrou que já havia um protocolo de intenções assinado entre Goiás e o Distrito Federal para implementar a gestão compartilhada do transporte.
“Os residentes do Entorno do DF merecem um transporte digno, pois contribuem significativamente para a economia de Brasília”, complementou Caiado, enfatizando a importância do serviço de transporte de qualidade.
O governador mencionou que houve uma espera de sete meses por uma resposta do governo federal desde a proposta de criação do consórcio, apresentada em fevereiro deste ano. A resposta oficial somente chegou em agosto.
No contexto da inatividade do governo federal, os governadores solicitaram uma prorrogação de 90 dias para adiar o aumento, acreditando que esse tempo seria vital para a formalização do consórcio, que também incluiria discussões sobre o orçamento. Contudo, a ANTT ofereceu apenas 30 dias.
A decisão de limitar o prazo gerou estranheza entre as administrações de Goiás e do Distrito Federal, que consideraram o período insuficiente para negociações eficazes.
Além disso, em agosto, o Ministério dos Transportes vetou a participação do governo federal no consórcio, mesmo sendo a proposta inicialmente elaborada em colaboração com um grupo de trabalho do ministério. A ANTT indicou que não participaria do consórcio, levando aos estados a reestruturar o projeto.
Caiado e o governador do DF, Ibaneis Rocha, enviaram uma carta à ANTT apontando a inconsistência nas diretrizes adotadas. Eles afirmaram que a responsabilidade pela regulação do transporte semiurbano interestadual é um dever constitucional da União e que isso não pode ser ignorado.
A proposta gira em torno da implementação de um modelo de gestão compartilhada que permitiria subsídios nas tarifas, além de promover melhorias no sistema de transporte.
“A mobilidade urbana envolve milhões de pessoas que precisem de serviços dignos. Estruturar tudo isso é complexo e exige investimentos significativos, e todos que dependem do transporte coletivo devem receber serviços de alta qualidade”, ressaltou Adriano da Rocha Lima, secretário-geral de Governo.